Uma balzaca tatuada
Acabei não registrando aqui (nessas atualizações ~tão constantes~ que fiz nos últimos dois anos, né! haha), mas 2019 foi meu ano de começar a fazer tatuagens.
A vontade já vinha desde a adolescência, mas não tinha dinheiro pra investir e também não tinha me identificado com o estilo de algum artista (além, claro, da fadiga de ter que lidar com pais helicóptero). Então acabei nunca concretizando o desejo. No fim eu fico até feliz de ter demorado dezessete anos pra conseguir, pois sabe a deusa o que eu teria feito naquela época. Corta pra 2019, eu toda pimpona fazendo três tatuagens logo no primeiro semestre e colocando um piercing no segundo (foi meu ano arquétipo do diabo MESMO).
Uma das tattoos que eu mais sonhava em fazer nos últimos anos era dos meus quatro gatinhos, e essa vontade só aumentou depois de perder o Jamie. Eu, quando gosto de alguma coisa, sou persistente: tinha na cabeça que minha primeira tatuagem seria com uma tatuadora específica, pois sou apaixonada pelo estilo dela. Tentei marcar horário com ela várias vezes e nunca deu certo, até que perdi a paciência com tanta desorganização e desisti (e peguei um rancinho também, sou dessas). Acabei fazendo minhas primeiras três com a Brunella Simões (@brusimoes), que tinha praticamente acabado de se mudar pra Amsterdam na época – olha as sincronicidades da vida.
Foi nessa mesma época que descobri uma artista alemã maravilhosa, a Maret Brotkrumen (@lordenstein_art), e me apaixonei pelo estilo delicado e intricado das suas tatuagens. O estúdio base dela fica em Berlim, mas ela viajava muito pra trabalhar em outros estúdios ao redor do mundo. Foi em um desses anúncios de guest spot que eu finalmente consegui agendar um horário com ela, em Paris, pra eu e o Shi tatuarmos nossos gatinhos. Em abril de 2020… o ápice da pandemia na europa. Lá veio Srta. Rona estragar os planos mais uma vez. Cancelamos o agendamento, claro, e ficamos esperando pra ver como a coisa desenrolaria nos meses seguintes.
Eis que no final de junho ela entrou em contato e sugeriu fazermos a tattoo em Berlim mesmo, o que pra mim teria zero problemas; ainda seria uma chance de visitar minha “sister of the moon” que mora lá (fizemos uma tattoo juntas ano passado, inclusive, uma lua crescente no braço ♥).
Quando conversei inicialmente com a Maret, eu estava em dúvida se tatuaria os gatinhos fantasiados (inspirados em fotos que temos deles) ou se faria um montinho de todos eles dormindo juntos, com o Jamie no meio (já que ele sempre foi a conexão entre todos os gatos). Quanto mais pensava nas ideias, mais meu coração balançava pela segunda opção – a Maret faz muitas tatuagens de bichinhos e personagens de games deitados em campos de flores e folhas, e isso me ajudou demais a visualizar como ficaria o resultado final. Resolvi seguir com a ideia dos gatinhos aninhados todos juntos, e o Shi escolheu os gatinhos fantasiados.
Depois de tantos meses enclausurados, pegamos nosso carrinho e partimos em uma loooonga roadtrip de 9h pelas estradas alemãs. Recebemos nossos desenhos dois dias antes da data agendada e pelamor… eu chorei TANTO quando vi o meu. A Maret conseguiu captar perfeitamente não só a aparência, mas também a personalidade de cada um dos quatro gatinhos. ♥
Foram cerca de 8h tatuando nos dois dias mais quentes de 2020: 36°C graus no sábado, quando eu tatuei, e 37°C no domingo, quando o Shi fez a dele. Felizmente o estúdio ficava em um prédio com pé direito alto, paredes de pedra e onde não bate sol, então estava bem fresquinho lá dentro e deu pra segurar bem todas as horas de agulhada.
E valeu cada segundo, fiquei apaixonada por cada pequeno detalhe que o olhar atento da Maret captou. Quero explodir de amor cada vez que olho pro meu braço e vejo a Lexie vesguinha, a Arya abraçada com o Jamie, o Jamie sorrindo e o Thorinho todo enroladinho exatamente na mesma posição que dorme todos os dias. E o desenho do Shi então? Também inspirado em fotos reais dos gatinhos: a Arya com seu chapéu de bruxa e a patinha no caldeirão, as asinhas de fada da Lexie com sua coroa de flores, a espada perfeita (Orcrist) do Thorin e o papagaio no chapéu de pirata do Jamie. É amor demais pro nosso coração aguentar!
Agora, um mês depois, já estou mais acostumada, mas no começo foi engraçado demais olhar pro meu antebraço todo riscado e pensar “eita, é verdade, agora eu sou uma mulher tatuada MESMO”. As três que eu tinha até então eram menores e em locais mais discretos, era fácil esquecer que elas existem. Agora não tem mais como esconder! :D Tem a foto das tattoos cicatrizadas no instagram da Maret, se você quiser conferir como elas ficaram depois de dois meses.