Post Traumatic
Como voltar de um hiato tão grande? Finjo que nada aconteceu, que nove meses não se passaram e que tudo continua igual? Não tenho a resposta, mas, temporariamente, senti vontade de voltar e cá estamos nós – se é que alguém ainda está aí do outro lado da tela.
Na última vez que dei as caras por aqui, estava no início do meu processo de luto pelo Jamie. Chegando perto de completar um ano do falecimento dele, posso dizer que ficou um pouco menos dolorido existir em um mundo onde ele não está ao meu lado; a dor da perda não passou definitivamente, mas sem dúvidas ficou mais tolerável. Eu sei que para muitas pessoas isso pode parecer besta, mas perder o Jamie de uma forma tão repentina e inesperada teve um impacto absurdo no meu coração e no meu psicológico. Mas vida que segue. Aos poucos o coração se acalma e a resiliência mental se fortalece.
Tanto aconteceu que fica até difícil lembrar, mas já que estamos aqui, vamos tentar? Se você estiver com paciência e quiser acompanhar meu processo de “remendo de vida e coração”, é só chegar junto e continuar lendo.
Fui tomada por um sentimento de urgência nos últimos meses e percebi que precisava, de alguma forma, sair da minha zona de conforto. Veja bem, morar no exterior há quase cinco anos já é basicamente sapatear em cima do conforto (o estado constante de ansiedade de um imigrante é muito real), mas precisava de algo que me trouxesse um pouco de satisfação e não só ansiedade constante…
Com isso em mente, finalmente me inscrevi em um curso básico de fotografia com 40h de duração e amei! Foi algo em que sempre quis investir e me fez excepcionalmente feliz. Tive oportunidade de aprender mais sobre fotografia na prática e na teoria; aprendemos todo o processo de revelação de filmes P&B e tivemos um gostinho de pós-edição também. Aumentou ainda mais minha vontade de me aprofundar na fotografia.
A urgência de aprendizados novos foi tão grande que também fiz um workshop de vasos de cerâmica com a Rena do incrível Studio HearHear em Amsterdam (agora ela está na Noruega). Mexer com a argila e criar algo do zero foi inspirador e muito terapêutico, ainda mais podendo ver o resultado e levá-lo pra casa comigo depois. Infelizmente fizemos só a confecção do vasinho, não a queima e esmaltação – isso a Rena faz sozinha, já que o processo é delicado e trabalhoso. Deu muita vontade de largar tudo pra fazer cerâmica e vender minha arte na praia, não nego.
Viajei para alguns lugares novos, revisitei outros já conhecidos e fui para São Paulo depois de três anos sem voltar. Além de rever a família e amigos queridos, nessa viagem eu finalmente conheci a linda Karine Britto, que sigo há tanto tempo online e que sempre me inspira com suas fotos. Ela é ainda mais querida pessoalmente do que eu imaginava E TÃO ALTA QUANTO EU! Emoção pura! <3
No começo do verão tive um pequeno acidente e torci os ligamentos do tornozelo, precisei ficar três semanas de castigo em casa sem poder andar. A primeira semana foi horrível, mas passei a aproveitar melhor o ritmo reduzido em casa com os gatinhos depois que me conformei com a situação. Foi ruim, mas foi bom.
E na última semana de agosto tive momentos incríveis e inesquecíveis que pareceram ser o começo de um ciclo que está se encerrando. Linkin Park sempre foi uma das minhas bandas favoritas desde os meus 14/15 anos – até já falei sobre isso aqui. Era obcecada por eles e idolatrava no altar de Mike Shinoda (inclusive meu nick na interwebz marota da época era Lynn Shinoda! haha). No dia 29/08 fomos ao show solo dele, do incrível álbum Post Traumatic, e dois dias antes eu recebi um dos melhores e-mails da minha vida: tinha sido sorteada para o Meet & Greet com o Mike antes do show! Passei dois dias em uma pilha de nervos, extremamente ansiosa e feliz, e até agora não acredito que eu realizei o sonho (que eu sempre achei impossível) de conhecer um dos meus heróis da adolescência.
Conversamos um pouco, ele olhou nos meus olhos e sorriu enquanto eu o agradecia pelos dezessete anos me inspirando e “segurando minha mão” quando as coisas ficavam difíceis; ele fez um dos seus icônicos desenhos para mim, e ainda consegui um abraço depois da foto oficial. Eu não tenho nem palavras pra expressar o que eu estava sentindo naquele momento. Sério. Não consigo mensurar o tamanho da minha sorte e gratidão em ter tido essa oportunidade.
E agora estamos aqui: começo do outono no hemisfério norte e da época mais melancólica do ano (para mim), com várias questões sobre o futuro… a vontade de me abrir e voltar a compartilhar coisas online continua baixa, ainda mais em tempos tão estranhos. A internet tem tido um potencial tão tóxico nos últimos anos que tenho me afastado e isolado instintivamente, mas como diz o ditado clichê: nós precisamos ser a mudança que queremos ver. Se eu quero uma internet mais gentil e inspiradora, eu posso contribuir para isso e tentar espalhar amor, boas energias e coisinhas bonitas para outras pessoas se sentirem bem.
Se vou atualizar o blog com frequência? Provavelmente não, mas sempre foi e sempre será assim. Não quero calendário editorial nem feed organizado, quero um espaço seguro e leve para onde eu sempre possa voltar quando a vontade aparecer. E eu espero que você sinta o mesmo!
Obrigada por me acompanhar até aqui. Um abraço carinhoso, e até já! :)