Ninguém me avisou

Que ser adulto era tão complicado na maioria das vezes. A gente sempre tem aquela visão romântica que “ser gente grande” é o maior barato, pois vamos ter nosso dinheiro, nossa liberdade, poderemos sair pra beber e voltar a hora que quisermos, ter todos os bichos de estimação que nossos pais nunca deixaram, e por aí vai.

Mas eu vou te contar uma coisa: morar com os pais e ser adulto não é necessariamente ser adulto. Ninguém me avisou que sair do ninho dá trabalho. Que cansa manter uma casa minimamente limpa, fazer a janta todos os dias, programar as compras da semana pra não ficar com a geladeira vazia, limpar a caixa de areia do gato.

Avisaram que morar em São Paulo era caro, mas ninguém avisou que além do aluguel/IPTU/condomínio eu teria gastos com vazamentos, entupimentos, canos quebrados e afins. São aquelas coisas que nosso pai sempre dá um jeito de arrumar e a gente nem lembra que existe. Também não me avisaram que eu precisava montar um cronograma de lavagem semanal de roupas, toalhas e lençóis – senão chega o fim de semana e tá tudo sujo, ou não dá tempo de secar.

Ninguém me avisou que morar no 1º andar era chato, nem como analisar o ângulo que o Sol bate nas paredes do apartamento para saber se ele seria muito frio. Também não me contaram que piso de cerâmica junta uma poeira danada e é super difícil de limpar – em partes, isso também é culpa do apartamento no 1º andar. De novo, ninguém falou nada.

Apesar de ninguém ter me avisado sobre essas coisas, também não sabia como é bom poder finalmente morar sozinha e cuidar da minha vida do meu jeito. Não tenho apego com coisas astrológicas, mas sou uma típica Capricorniana sistemática, isso devo admitir. A sensação de poder organizar tudo do meu jeito é maravilhosa.

Também não me avisaram como pode ser divertido morar com alguém. Ouvi vários “mas ainda não é cedo pra juntar os panos com o namorado?” e “tem certeza que é isso mesmo que você quer?”, mas quase ninguém falou que dividir completamente sua vida com alguém que te ama e você ama de volta é uma experiência incrível, que amadurece a alma e sua visão sobre o mundo. Quer mais? Também não falaram que dá trabalho ter dois gatos, mas absolutamente nada se compara a voltar pra casa à noite, depois de um longo dia de trabalho, e ter os dois pra apertar e deitar na cama com a gente.

Sabe, quase ninguém menciona essas coisas – e mesmo que falassem, tenho certeza que nosso cérebro faria questão de enfiar em um neurônio bem distante e esquecer. Então, a dica que eu deixo pra você que está lendo esse post-desabafo é: sim, ser adulto é uma merda. Cansa, gasta, exaure a alma muitas vezes. Mas sim, ser adulto também é uma delícia.

Na dúvida, se joga no mundo e divirta-se com as adultices.

Skydeck Chicago

Tá com medo? Se joga!