[6 on 6] Begraafplaatsen
Enquanto a maioria das pessoas prefere ignorar o assunto ou tem medo, eu sempre cultivei um certo fascínio e me senti extremamente segura dentro deles – como se nada no mundo externo pudesse me atingir, sabe? Cemitérios são lugares extremamente tranquilos e bonitos.
Lembro a primeira vez que pisei no Necrópole São Paulo, Consolação e no Araçá, fiquei encantada com a arte tumular, com os mausoléus e as esculturas incríveis. Meus avós maternos estão enterrados no Necrópole, e visitá-los era como um ritual para mim. Um ritual cercado de respeito, reflexão, saudade e beleza – mas nunca tristeza.
Esse mês no Projeto 6 on 6 (que está chegando um pouquinho atrasado aqui, eu sei) mostramos as “últimas moradas” ao redor da Europa. O De Nieuwe Ooster Begraafplaats é o maior cemitério do século XIX na Holanda e há mais de uma década tem o título Rijksmonument de patrimônio histórico nacional.
Assim como praticamente todos os aspectos da sociedade holandesa, as tradições que envolvem a morte são simples e sem ostentações (um pouco para minha decepção, devo dizer). Em sua grande maioria as lápides são gravadas em pedra, algumas enfeitadas com pequenas esculturas de anjos ou animais ao seu redor, o que achei muito simpático. Ele é todo cercado por árvores e grama, e é visível o cuidado que tanto a administração quanto os parentes têm em manter tudo bonito. Mesmo os túmulos mais antigos estão em bom estado, não há nada depredado ou fora de seu lugar.
Vi incontáveis buquês de flores recém colocados, bichinhos de pelúcia, enfeites e outros detalhes, uma delicada simbologia para representar toda uma existência. Foi com um arrepio que a minha reflexão sobre a mortalidade tomou uma nova proporção ao ver o túmulo de uma jovem vítima do tsunami que atingiu a Tailândia em 2004; vigiada de perto por um buda e cercada por velas, flores e objetos coloridos.
Acho que a idade me fez mais suscetível à aversão em pensar sobre a morte. Aos poucos, o conformismo que eu tinha tem sido substituído pelo receio – não da morte em si, mas das pessoas que ficarão para trás. De quem vai cuidar da minha família, dos meus gatos, quem vai limpar a bagunça que eu deixar para trás… vocês se pegam pensando nessas coisas também, às vezes?
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